Parte 1
Recebi
recentemente algumas perguntas que resolvi transformar em um post: O que
acontece depois da faculdade? Pode parecer uma pergunta ingênua, mas uma boa
parte dos formandos em Psicologia se sentem perdidos após o termino do curso
por não possuírem informações suficientes sobre como iniciar a vida
profissional.
Este post
objetiva listar informações praticas para a vida dos novos profissionais.
Acabou o
curso, as notas já saíram e todos só pensam em comemorar. As solenidades da
formatura já estão marcadas, mas ao contrario do que fantasiamos não é aquele
“canudo” da solenidade de formatura o passaporte para a vida profissional. O tão sonhado diploma precisa
ser solicitado na sua faculdade ou universidade, após receber o certificado de conclusão de curso.
Quando me formei a
universidade marcou um dia, uma manhã, me lembro, onde os alunos se reencontraram,
assinaram a ata da colação de grau e saímos de lá com o certificado de
conclusão de curso e histórico escolar. Com o certificado, nos dirigimos a
secretaria de diplomas e solicitamos, mediante um pagamento a confecção do
diploma.
Na universidade que lecionei,
os alunos formandos recebiam um e-mail comunicando qual era o período em que
deveriam se dirigir a universidade para a assinatura da ata de colação de grau
e retirada do certificado. Isto deve variar um pouco de universidade para
universidade, mas este certificado só é retirado com a assinatura da ata de colação de grau, o documento mais importante para o inicio da vida profissional é
o certificado, é com ele que você solicita seu diploma, seu registro
profissional provisório no órgão competente e comprova sua formação. O diploma
é solicitado para aquisição de registro profissional permanente, inscrição em
cursos superiores, prova de concurso e atividade profissional acadêmica.
No caso dos Psicólogos o órgão que
regulamenta a profissão é o Conselho Regional de Psicologia. Para se inscrever
leve uma copia simples dos seguintes documentos: Para
realizar sua inscrição, providencie uma cópia simples acompanhada dos originais
dos seguintes documentos: CPF; RG; Título de Eleitor; Comprovante das duas últimas votações;
Diploma de Formação de Psicólogo (cópia frente e verso); Duas fotos 3 x 4
recentes (preferencialmente de fundo branco); Certidão de Casamento e Comprovante
de quitação com o serviço militar.
Com o registro
profissional realizado, uma boa parte dos formandos dirigem se á área clinica.
Como começar?
Alguns
montam seu próprio espaço, mas nas cidades onde há cursos de Psicologia há uma
grande oferta de salas prontas para atendimento, no qual se pode pagar locação
por hora e que já tem uma infraestrutura com sala de espera e secretária. É
muito importante que a sala garanta as características do atendimento psicológico,
que seja confortável, acolhedora, e que tenha um bom revestimento acústico, que
não seja um lugar ruidoso, nem que se ouça do lado de fora o que se fala do
lado de dentro. A propaganda pode ser feita em livrinhos de convênios, sites,
revistas e jornais desde que respeitem o que está previsto no código de ética
do psicólogo. Lembrando que o "artigo 38 do Código de Ética Profissional do
Psicólogo veda
ao psicólogo:
a) Utilizar o preço
do serviço como forma de propaganda;b) Participar como
psicólogo de quaisquer atividades através dos meios de comunicação, em função
unicamente de autopromoção;c) Fazer previsão
taxativa de resultado;d) Propor atividades
e recursos relativos a técnicas psicológicas que não estejam reconhecidos pela
prática profissional.Já a Resolução do
CFP N° 010/97 declara em seu 1° artigo que:É permitido ao
psicólogo, no exercício profissional, na divulgação e publicidade, através dos
meios de comunicação, vincular ou associar o título de psicólogo e/ou ao
exercício profissional, somente técnicas ou práticas psicológicas já
reconhecidas como próprias do profissional psicólogo e que estejam de acordo
com os critérios científicos estabelecidos no campo da Psicologia." (site CRP-SP)
Para o inicio da carreira clinica é recomendado a
supervisão com outro psicólogo mais experiente para garantir o treino da
prática do atendimento na abordagem escolhida, o bem estar do profissional e o
paciente. A freqüência em grupos de estudos, curso de especialização também
podem auxiliar o novo profissional no aprimoramento teórico, que garantam uma
boa prática.
Aí vem uma pergunta importante: “quando a gente vai atender em consultório (
o nosso), existe um prontuário para o paciente, ou algum tipo de documentação
específica? Porque na clínica a gente aprende uma coisa (toda aquela
burocracia) e não sei se na prática também funciona assim, tipo, aqueles
relatórios de sessão, evolução e etc.?”
Pergunta
muito importante! Na verdade não se trata de mera burocracia para o cumprimento
do estágio na clinica, o prontuário clinico deve ser feito e deve estar
disponível caso o paciente queira ter acesso. O que costumamos fazer em estágio
é um prontuário para o paciente e outro tipo de relatório que deve ser
apresentado ao supervisor onde o aluno mostra o dominio das técnicas e
abordagens teóricas. Tudo pode ser esclarecido no site do CRP. O paciente pode
querer ter acesso as informações pelos mais diferentes motivos. Eu sempre fiz
umas fichinhas do paciente com informações pessoais, um pouco mais simples do
que as da clinica - escola, mas eu armazenava essas fichinhas numa pasta e
guardava num fichário por paciente junto com o relatório do atendimento, caso
precisasse para discutir o caso com
algum supervisor ou para meu estudo do caso,
também não era muito detalhado mas me ajudava a pensar sobre o caso
antes do próximo atendimento. Outros motivos pelos quais eu mantinha o prontuário:
eu atendia uma senhora e eu dava recibo, que ela solicitava o reembolso para o
convênio. Um dia o convênio questionou e ela veio pedir uma documentação (que na
verdade é esse prontuário) sobre os atendimentos realizados. O Paciente que
pede recibo, pode declarar no Imposto de Renda e a receita federal pode querer
comprovação deste atendimento. Se você for autônomo, emitir recibo tem que
estar em dia com o IR também, se não pode dar problema pra você e para o
paciente.
O modelo
pode ser o mesmo usado na universidade durante o curso ou o psicólogo pode
criar um modelo próprio que contemple as informações necessárias. Sobre os
registros documentais pode ser consultado o site do CRP-SP.
Para os
profissionais autônomos é recomendável fazer um registro de autônomo na
prefeitura e pagar o INSS, para isso vale a pena ser sindicalizado pelo SINPSI,
que é o sindicato dos Psicólogos. A sindicalização é opcional, não é
obrigatória. Se você exercer outra atividade profissional e contribuir com o
outro sindicato e não quiser contribuir com o SINPSI você pode optar. Quero
ressaltar que a orientação dada pelo CRP diz: “É importante fortalecer o Sindicato dos
Psicólogos, reconhecendo a especificidade das atribuições que são de sua
responsabilidade. É o Sindicato que organiza, acolhe e trabalha com as demandas
dos(as) psicólogos(as) no que diz respeito à sua condição de trabalhadores(as).
Cabe ressaltar, entretanto, que é de decisão de cada psicólogo(a) filiar-se ou
não ao sindicato, considerando, inclusive, a existência de diversas entidades
sindicais.”(site CRP-SP) E o sindicato não tem relação com o Conselho Regional. E uma vez sindicalizado você pode
participar dos convênios do sindicato como por exemplo a assistência médica e
alguns outros benefícios.
O Contador
ou técnico em contabilidade pode auxiliar com duvidas referentes á como pagar o
Inss, abertura de empresas ou pagamento de impostos.
“ Como ficam
os valores e forma de pagamento, a gente combina isso com o paciente por boca
mesmo ou é necessário um contrato?”
O Contrato
do Psicologo costuma ser oral, ambos se comprometem neste momento, o paciente
com a freqüência e o pagamento no valor e forma combinada; e o terapeuta com a
escuta e os aspectos éticos, é estabelecida uma relação profissional. Mas não
há impedimentos para que este contrato seja escrito.
“O contrato refere-se às
condições em que o serviço de Psicologia será realizado. Representa, então, o
que as partes envolvidas, de comum acordo, estabeleceram e aceitaram,
implicando, assim, na definição do objetivo, tipo de trabalho a ser realizado e
condições de realização do serviço oferecido e acordo dos honorários. “ (CRP-SP)
O contrato
da clinica é diferente do contrato de consultoria, quando o profissional vende
um projeto para uma empresa aí o contrato é escrito e assinado entre as partes. De acordo com o CRP: "Ao estabelecer um contrato de serviços o(a) psicólogo(a) deve respeitar os direitos dos(as) usuários(as) ou beneficiários(as) dos serviços (conforme Artigo 1.° alínea "d" do Código de Ética). É preciso atentar também para outras legislações, como o Código de Proteção e de Defesa do Consumidor.
O(A) psicólogo(a) considerará a justa retribuição pelos serviços prestados, estabelecendo valores de acordo com as características da atividade realizada, considerando as condições do(a) usuário(a).”
O CFP possuía uma tabela de
referencia de valores de Honorários, mas que não está disponível, esta tabela
pode ser consultada pelo site do CRP /SP, assim eu for novamente publicada.
É comum ver
na frente dos consultórios que os profissionais que atendam todas as demandas,
mas a Psicologia é tão diversa que é praticamente impossível conseguir atender
todas as demandas, então quando um paciente chega como uma demanda que não é de
sua área você deve encaminhá-lo para o colega que poderá atendê-lo. Por exemplo:
uma pessoa quer que você atenda uma criança, quando a sua área tem sido de
atendimento de adultos. Ou uma avaliação específica como de aprendizagem
escolar quando o profissional trabalha com estimulação para idosos.
É bom ter sempre cartões dos
colegas que atendem demandas diferentes da sua para encaminhamentos.
“Com relação
a supervisão de atendimentos, como funciona?”
O
profissional procura outro profissional que tenha mais experiência na área e
abordagem teórica, pode ser por melhor afinidade ou conhecimento profissional e
que tenha a disponibilidade. O valor da supervisão e freqüência deve ser
combinado com o profissional.
No próximo post vou falar sobre outras áreas de atuação na Psicologia.
Duvidas?
Escreva para mim.
Raquel Alves Cassoli
Psicologa, Mestre em Educação e Doutoranda em Educação pela PUC-SP