Nosso
post hoje falará sobre a psicoterapia breve com ênfase em situações de crise.
Embora com traços psicanalíticos, acredito que esse tipo de psicoterapia pode
ser introduzido em qualquer abordagem psicológica.
A
origem da psicoterapia breve se situa nos primeiros trabalhos de Freud no
início da psicanálise, quando realizava atendimentos de curta duração usando uma
técnica rápida e objetiva.
Essa
técnica foi se modificando ao longo dos seus estudos em razão do
desenvolvimento da sua teoria em uma forma mais complexa, o qual mudou seu
interesse no tratamento de sintomas neuróticos para a compreensão da natureza
do inconsciente e da personalidade, além de mudar de método catártico para
associação livre.
Ferenczi
(1918), foi o primeiro discípulo de Freud a propor técnicas que pudessem
diminuir a duração do tratamento psicanalítico. O principal a ser levado em
conta dentro dessa curta duração de tempo é enfatizar a maior importância dos
fatos da vida atual do paciente em comparação com suas experiências infantis.
Logo,
a psicoterapia breve é considerada um tratamento de natureza psicológica, o
qual sua limitada duração tem o objetivo de obter melhor qualidade de vida do
indivíduo em um curto prazo de tempo, focando no problema mais premente e
buscando estratégias para sua minimização e/ou resolução.
O
termo “breve” deve-se as características de técnica focal que permite de certa
forma aliviar a duração do tratamento reduzindo o número de sessões.
Nessa
técnica não há preocupação em eliminar o sintoma, mas sim em esclarecer o foco
da situação.
Essa
técnica oferece ao indivíduo a oportunidade de vivenciar a experiência real de
sofrimento dentro de um contexto de aceitação e segurança, promovendo uma
formulação desse conflito, tentando reestruturar a sua vivência frente a essa
situação antes inaceitável/insuportável.
A
psicoterapia breve tem a intenção de acompanhar o indivíduo em um momento
delicado de sua vida, onde há prevalência de sofrimento e dor, ajudando- a
buscar formas de vencer esse obstáculo real ou fantasioso que se interpôs em
sua vida. Ela também pode ajudar a diminuir a ansiedade permitindo uma real
avaliação dos obstáculos; chama atenção do indivíduo para sua própria vida e o
sentido dela, contribuindo para um enriquecimento pessoal dentre outras.
As principais características dessa
intervenção são algumas modificações na técnica do enquadre; manejo de tempo,
que apesar de ser curto pode ser bastante variável; foco é a sua estratégia
principal; o parâmetro para indicação é a demanda do paciente;
O
profissional que faz uso da psicoterapia breve deve ter consciência que seu
papel é muito mais amplo, mais ativo e participativo, por isso mesmo, mais
responsável. Tem-se o dever de mesmo sendo uma terapia breve, dar a devida
atenção a esse momento delicado do indivíduo. Entre outras preocupações dessa
prática podemos dizer que o psicoterapeuta deve buscar estimular um vínculo
mais realista e definido, manter uma proximidade com o paciente, oferecer uma
imagem confiável, demonstrar interesse pelo problema do outro, evitar
prolongamento excessivo do silêncio para assim evitar ansiedade, perda de
tempo, regressão, dentre outros.
A
indicação da psicoterapia breve se estabelece em um tripé: quadro clínico, onde
é indicada para pacientes de quadros agudos, que caracterizam situações de
crise; quadro social, disponibilidade econômica ou pessoal, tanto da parte do
paciente quando do agente terapêutico; quadro de expectativa, avaliação do
nível intelectivo cultural, levando-se em conta o nível de expectativa frente
ao processo terapêutico apresentado pelo paciente.
Porém,
devemos nos atentar, pois, ela não é indicada em casos como psicoses, doenças
psicossomáticas, obsessões graves, tentativas de suicídio, agitação psicomotora
grave, debilidades egóicas entre outros;
No
quadro abaixo, podemos ver as principais diferenças entre Psicanálise e
psicoterapia breve.
Psicanálise
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Psicoterapia Breve
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Estimula
fenômenos de regressão, dependência
e a neurose de transferência
|
Não estimula a
relação de neurose de transferência, devido ao tempo destinado para seu
estabelecimento que deve ser mais
longo
|
É
preciso identificar e interpretar a transferência para que o processo seja
agilizado.
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Trabalha-se por
meio da transferência positiva não erotizada, e sim sublimada para que o
paciente mantenha um sentimento amistoso em relação ao terapeuta.
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Utiliza-se as
associações livres do paciente e
atenção flutuante e livre, sem dirigir o fluxo associativo do paciente.
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Aproveitamos as associações
livres, pois através delas temos acesso ao seu ICs , porém nossa atenção são
será livre e sim seletiva, ou seja, o terapeuta localiza o foco, emergência do paciente.
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Utiliza-se o divã,
onde espera-se que o paciente relaxe para soltar-se e poder associar-se
livremente.
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Prefere o encontro
face a face entre paciente e terapeuta, já que não utiliza a regressão e
facilita na observação de gestos, postura, movimentos do paciente.
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Há
a interpretação de falas e atitudes.
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Trabalha com
interpretações do material que o paciente traz.
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É importante e fundamental que o psicólogo possa prestar mais
atenção à demanda trazida pelo paciente do que, passar muito tempo tentando
submetê-lo a um processo terapêutico que talvez ele não vá aderir.
Para ver o vídeo ilustrativo sobre a prática clique aqui.
Indicação
de leitura:
“Psicoterapia
breve: Abordagem sistematizada de situações de crise” - Eduardo
Ferreira Santos
Simone Manzaro
Psicologa.
Contato: simonemanzaro@gmail.com